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segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Palavras de nosso Pastor



Gosto de ouvir o hino nacional brasileiro. Às vezes, fico até comovido, ouvindo a firme melodia marcial, meditando o texto que evoca a beleza e grandeza deste país; olhando jovens e velhos em posição, serenos e confiantes. Recordo as lutas do 'povo heroico' bradando por justiça, liberdade e igualdade. Já vi com meus olhos o que é orgulho desta pátria 'amada, idolatrada': Sua natureza gigante, céu profundo e mar, lindos campos e bosques que tem mais vida e, acima de tudo, filhos (e filhas) sem medo de lutar por esta terra adorada!
No entanto, sinto um nó na minha garganta: Porque este país, de cuja história faço parte há (quase) 40 anos, não consegue avançar na fraternidade, no combate à corrupção, no cultivo da honestidade e do trabalho, no respeito entre os cidadãos e nos cuidados com a 'mãe gentil', a natureza?
"Ó Pátria amada, idolatrada, salve, salve!" - Declaração de amor dos adultos e dos jovens? Farsa orquestrada das várias gerações? Incentivo de uma classe que há tempo, traiu seu juramento com o povo? Hino de um povo que já não é mais dono de suas terras, águas e florestas? O exército defende o quê? A polícia protege a quem? A justiça está a serviço de quem?
Muda a composição das Câmaras legislativas - mas o resultado parece sempre o mesmo. Às prefeituras faltam recursos desde que pisei neste chão. Aumentam os grupos religiosos e os moralistas ateus, mas não aumentam nem moral nem bons costumes, nem o brilho nos olhos nem o aperto sincero das mãos. O povo reclama dos seus representantes, mas escolhe sempre os mesmos. E quando tem possibilidade de participar dos conselhos municipais, diz que não adianta e que não tem tempo.

Olho as nossas cidades, 'terra adorada, entre outras mil'. Quanta desordem, relaxamento, falta de coordenação e diálogo!
Uma Semana da Pátria poderia ser uma semana de renovação sincera e compromisso com a vida do povo, no presente e no futuro. Contudo, primeiramente, o povo deve acordar, levantar o corpanzil, esfregar os olhos, jogar uma água no rosto, refletir - e AGIR. Ou ainda antes, levantar os olhos para o céu e pedir a Deus que ilumine e sustente uma caminhada e uma luta diferente - para frente.

Que a Palavra de Deus e a Doutrina Social da Igreja nos ajudem  a tomar consciência do nosso dever para mudar o que for preciso e possível - começando em nossa própria casa.

Dom Francisco Merkel - Bispo Diocesano de Humaitá

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